Blog liberto a público de arte abstrata-concreta, literatura mundana, jornalismo experimental e direito cotidiano. ¡Pensare reactivus est!

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Discurso pra ganhar eleição

O Último Discurso
O Grande Ditador
Charles Chaplin

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar - se possível - judeus, o gentio ... negros ... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma do homem ... levantou no mundo as muralhas do ódio ... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, emperdenidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-se muito mais. A próxima natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem ... um apelo à fraternidade universal ... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora ... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas ... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: "Não desespereis!" A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia ... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem os homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais ... que vos desprezam ... que vos escravizam ... que arregimentam as vossas vidas ... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar ... os que não se fazem amar e os inumanos.

Soldados! Não batalheis pela escravidão! lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Estás em vós! Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela ... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo ... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progreso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos.

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergues os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!
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Semiose de fim de semana na tevê

Tristhes Tzarismos Dadaístas

Destração

JotaPê
Da sala de estar familiar, em Teresina

"Da angústia nascem todos os fenômenos psicológicos: doença, amor, ódio, medo, sentimentos e emoções." (Café Filosófico, TV Cultura, 10/09/2006)
"Atentado de 11 de setembro de 2001/ EUA & Conferência Comunitária de Cooperação do Terceiro Mundo em 'La Habana'/Cuba." (Fantástico, TV Globo, 10/09/2006)
"Águia vence Aliance; restam 5 aprendizes." (O Aprendiz III, TV Record, 10/09/2006)

Alguma relação entre esses três assuntos (programas)?

Explicação do semiota:
- Comportamentos X Transtornos psicóticos do ser humano
- O capitalismo X socialismo (muçulmanismo X cristianismo)
- Disputa de status empregatício no meio econômico

Resposta-> Sim, todos dizem algo em torno do eixo - ideologia e sociologia das relações humanas - algumas no plano interno ou moral, outras no plano geral ou societário, outras no plano intermediário ou grupal. Todos, porém, mostram questionamentos ou explicações e tendências diversificadas nas interações civilizadas.
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quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Poesia teratológica em livre tradução

Tristeza de minha vida maldita

Canção da morte

Eu deixo a vida como um camelô,
Que deixa as ruas sem conseguir freguês;
Como um pobre d’um indisgraçado,
Que já andou na central alguma vez.

Como Cristo que foi crucificado,
E subiu p’ro céu como um rojão!
Só levo uma saudade unicamente:
É do chopinho lá do bar barão.

Só levo umas saudades: - d’uma sombra
Que às noites de inverno me cobria...
De ti, ó Juaquina, coitadinha,
Que eu a matei com tanta covardia

Descanse minha cova lá no pico,
Num lugar solitário e triste,
Embaixo d’uma cruz, e escrevam nela:
- Fui poeta, “barbieri” e jornalista!

[Juó Barnanére, La Divina Increnca]

Esse barbiéri, poderia ser barbeiro, bárbaro ou barbado?!
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terça-feira, 12 de setembro de 2006

Tristhes Tzarismos Dadaístas:

Lendo alguns livros de política ou sobre ela, fico estarrecido com minha imaginação a partir da corriqueira realidade fática, ética e estética. A proclamação da absurdidez me torna um incapaz, imprudente e antipático blasfemador de partidarizações, ideologias coletivas e regimentos/estatutos das siglas registradas nos cartórios e zonas eleitorais da Terra de Ipês Amarelos - Brasil.

Pra chocar a outrem, e rir-me de mim mesmo sendo franco e imoral: eu sou agora adepto da democracia anárquica - o povo por si só, cada um por si, ninguém por ninguém!
É colegas, mas a democracia ou a politéia, a da ágora tupiniquintchura, quanto mais popular, é precisa e pode ser praticada nas micro esferas da cidadania: como numa universidade, um bairro, um lar. Educomunicai, logo a vós e aí então aos seus amig@s adeptos.

Mais informações sobre em:
http://diplo.uol.com.br/2006-05,a1317

o mundo diplomático no Brasil é a meta merecível!
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domingo, 10 de setembro de 2006

O menino maluquinho & O pequeno príncipe

Estórias de duas pessoas comprometidas com a imaginação na literatura universal. Ziraldo, no Rio de Janeiro, metade da frente no século XX;Antoine de Saint-Exupéry, França, metade de trás do século XX.

O menino maluquinho, além de livro, revirou história em quadrinhos nos almanaques e revistinhas infanto-juvenis, desenho animado, filmes de cinema e até minissérie (ou seriado, não sei bem explicar) de televisão.

'Le Petit Prince', além de livro, reaparecido esteve como desenho animado e seu autor fora tema de documentários e filmes.

No que esses caras e suas invenções se assemelham? Só em tudo mesmo! Já lhes conto porque ou o porquê. Sabem: é que eles escrevem para crianças, mas nem somente para crianças pequenas; também para crianças adultas.

Ziraldo é hoje lembrado mais por seus desenhos de humor-subversão no Pasquim, por suas lorotas em jornais e revistas cariocas dos tempos barra pesada da ditadura e repressão, a famigerada censura pós-1964. Esquecem os biobibliógrafos dele que sua contribuição para o futuro faz urgência em mencionar o garotinho com caçarola feita capacete na cabeça.
O menino maluquinho é, honestamente, um livro para pensamento filosófico: é a narrativa de uma criança sobre si e para si, suas memórias; a juventude de qualquer um ser humano brasileiro, em algum caractere, tem a ver, ouvir e sentir com este menino.

Exupéry é neste momento mais conhecido entre os seus conterrâneos marselheses por sua literatura de bordo, dos tempos de aviador, que pela escritura humanística e transcendental de seu principezinho. Num didático documentário assistido há tempos próximos na tevê o piloto Antoine é-nos focalizado como um herói, por ter ido atrás de um colega de serviço aéreo postal desaparecido nos Andes sul-americanos e de cuja localização ou vida ninguém saberia informar; mas ele tivera crença na sobrevivência do amigo ao acidente, fora arriscar-se por ele e o achara, incrivelmente ainda vivo.
E o cachecol do princepezinho cabelos cor dourada, a baloiçar solene pelos ventos cósmicos no seu asteróide B-612 quando ele regava a flor, após ter desentupido os vulcões e visto 43 pôres-do-sol era uma prova de sua altivez perante nós, homens de pequena fé, de ridículo senso, de estranha maneira e estúpido comportamento afetivo: ele, mesmo criança, sabe de que é feita a felicidade e a tristeza. Nós não.

Esses dois personagens ilustram, exemplificam certa constatação que tenho guardada há bastante período da existência minha: a vida de adulto é tão chata e incompreensível, precisa de tanta criancice para ser plena e bondosa! Por que fazemos as atividades do jeito menos benéfico para nós e os outros? Pois isso não será ruim, fatal para todos?! Já não tenho mais o que dizer. Era apenas um passamento.

E vale relatar com passagens lembradas ou mtivadas desses/nesses dois magníficos ensinadores: a do Pequeno Príncipe é de ele ser responsável e sábio; a do Menino Maluquinho é que ele cresceu e virou um adulto legal.

JotaPê
10/09/2006
sem nenhuma primavera à vista...
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