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sábado, 14 de outubro de 2006

Exercício de Classe para a casa acadêmica - Lições para o mundo em aula de poesia e português

Preâmbulo

Ao tempo em que cumprimento todos os profesores na figura de meu austero mestre hodierno, Machado de Assis, propusera-me eu a exercitar o que estivera por ele sugerido na lição descrita pelo capítulo homônimo ao título que segue, de cuja obra (também explicitada) se requer aqui preliminar leitura. Parabéns ao caríssimo ensinador destas nobres matérias em honorável e límpida amostra de nossa tão torturada e depreciada língua portuguesa contemporânea.

" (...) contarei a história de um soneto que nunca fiz; era no tempo de seminário e o primeiro verso é o que ides ler: Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura! [...] Então adverti que os sonetos mais gabados eram os que concluíam com chave de ouro, isto é, um desses versos capitais no sentido e na forma. [...] Assim foi que me determinei a compor o último verso do soneto, e, depois de muito suar, saiu este: Perde-se a vida, ganha-se a batalha! [...] Então tornava ao meu soneto, e novamente repetia o primeiro verso e esperava o segundo; o segundo não vinha, nem terceiro, nem quarto;não vinha nenhum. [...] Cansado de esperar, lembrou-me alterar o sentido do último verso, com a simples transposição de duas palavras, assim: Ganha-se a vida, perde-se a batalha! [...] Trabalhei em vão, busquei, catei, esperei, não vieram os versos [...] Mas, como eu creio que os sonetos existm feitos, como as odes e os dramas, e as demais obras de arte, por uma razão de ordem metafísica, dou esses dois versos ao primeiro desocupado que os quiser. (Dom Casmurro, cap. 55 - Um soneto; Machado de Assis, 1899)"

Um Soneto de Dom Casmurro

Oh! flor do céu! oh! flor cândida e pura!
Brotada ainda na antiga Rua de Matacavalos;
Ah! olor do véu! ah! olor bem tido, formosura
Danada vinda de intriga numa jura para apóstolos.

Declinação absurda em latim eclesiástico via mamãe, ai!
Impedimento abrupto, mais que calundus enamorados;
Ordenação, encomenda de promessa, místicas argüições,vai...
Comedimento a Bento, tal qual Capitu só pelos lados.

Perde-se a vida, ganha-se a batalha!
Escobar, mui companheirista, até a mulher cobiça:
Culpa de meus lábios em estórias de olhos com ressaca.

Seminarista aposentado por precoce pecado, mentira oca.
Capitolina capitular nem pena houve, paixão movediça:
Ganha-se a vida, perde-se a batalha!

[Dedicatória - Para meu confessionário, o poço do quintal caseiro; altar sacrílego...]

João Paulo Santos mourão
14/10/2006
sétimo dia da semana cristã
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quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Música do sarcófago de 2002

INSANDESCÊNCIA

[1]
Sinto a voz surgir
Como grito, quer sair
A demência passa por aqui
Ela vai me engolir
(Me engolir, ié, ié, ié...)

[2]
Como fogo a dormir
ela em mim vem surgir
(Vem surgir ié, ié, ié...)

# Refrão
Mas eu não consigo nem fingir
Se o que mais quero é sentir
Não consigo fugir

[3]
Se esse alguém quiser me ver
O fogo voltará pra me ensandescer

[4]
Penso em tudo que ninguém vai dizer
Então escrevo pra que alguém possa entender

@ BIS
Vai me vir
Entender

Letra: João Paulo Mourão
Melodia: Anderson Costa

SeqÜência:
[1] + Refrão (1ª linha)
[2] + Refrão
[3] + BIS + Refrão (1ª linha)
[4] + BIS + Refrão
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quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Legionismos Urbanistas

Geração lombra e bola

Nos subúrbios, na tal Câmara, na chapada teresinense
Alguém respeita a lei orgânica, continuamos esperando ser o futuro da nação
Que cidade é essa? Que município será esse?

No Dirceu, no Pirajá, na Vermelha, lá no centro.
Na zona leste nada em paz, até nos shopping centers o maluco tá demais.
Estudantes infiéis.. em movimentos e papéis.., que falha no interior.. desse brusco alçapão.
Que juventude era essa? Que mocidade fora a gente?

Ainda somos a geração Coca-Cola, geração que cheira cola, geração lombra e bola, geração copia
e escola.

Na Paisandú, na Riachuelo, Frei Serafim até João XXIII.
Naquelas ruas rola mais, qualquer saracoteio de novatos marginais.
Adolescentes aos léis.. sentimentos cruéis.., que droga de gestor..esse irremorso mandão.
Que província é essa? Que povoado é esse?

(A gente em todo lugar, sempre umas panelinhas fuçando uns buracos e becos, há pozinhos ou defumaços, até bombinhas e comprimidos lá estão, sabe?! Mas eu num uso disso não, preciso ler e escrever pros analfabetos no porão...tem famílias sem carinho e dinheiro na precisão...pelas calçadas e praças mendigos, doentes e maltrapilhos de montão...)

JotaPê
11/10/2006
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segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Direito cotidiano à informação - Eleições 2006 2º turno

Tristhes Tzarismos Dadaístas

Debate presidencial - Eleições 2006

Rede Band - 08/10 - 20:00h

A chegada dos candidatos, presidente e presidenciável, governante e ex-governador, fora bastante cuidadosa para eles e até que organizada para o correligionários e militantes políticos. Após eventual atraso, dá-se o primeiro debate em eleições brasileiras entre presidente em exercício candidato à reeleição e candidato oponente, desde a promulgação da Constituição de 1988 e do pleito com voto direto para o povo titular da soberania.

Alckmin começa atacando a ausência de Lula nos debates, cumprimentando a presença de Heloísa Helena e Cristovam Buarque; bate preferencialmente nas questões da corrupção, dossiêgate e gastos supérfluos do atual presidente. Início do debate com trocas das acusações, com levantamento de dados criminosos ou suspeitos nas administrações de ambas as partes. (CPIs dos Bingos, Mensalão, Sanguessugas, Vampiros, Ambulâncias, etc).

No primeiro bloco faiscaram as perguntas e respostas sobre as reformas e políticas nas áreas previdenciária e tributária e os cortes no orçamento existentes logo para o próximo governante da nação.

No segundo bloco os governos e investiments em obras da União e do Estado de São Paulo estiveram em pauta, as políticas públicas sociais e os projetos para o Brasil. A corrupção na gestão, a ética partidária e a investigação de irregularidades administrativas são as bandeiras hasteadas nesse momento; aumento de impostos e privatizações rediscutidas. Segurança Pública e Inclusão Digital são metas sugeridas. Ainda esteve em tempo a vez para discussão dos gastos corporativos da Presidência da república. A FEBEM e a criminalidade na juventude levantaram o tom no pronunciamento dos debatedores. A difusão do ensino universitário toma boa parte e bom assunto. As obras públicas regionais e nacionais recebem a atenção merecida no circunlóquio (de transmissão televisiva e radialística). Saneamento básico fora ainda ponto de embate na conversa exaltada pelos ânimos dos candidatos tucano e petista.

O terceiro blocoinicia pela recolocação de questões sobre o PCC e as políticas de segurança pública, outra vez realçadas. Transferências de responsabilização pelos erros em cada participação. A Política Externa Brasileira e a questão da Petrobrás entraram nas temáticas, inclusive a relação internaciona no Mercosul. A questão energética e o Apagão estãona ordem das perguntas: relacionamento de propostas em geração de energia. Combustíveis alternativos são apresentados como soluções. As estradas, portos, aeroportos e projetos de transportes.

O quarto bloco (com perguntas de jornalistas convidados) houvera com perguntas sobre o caso mensalão a Lula; perguntas sobre redução da maioridade penal para crimes gravíssimos a Alckmin; perguntas sobre princípios morais na sociedade e na formação de jovens e crianças brasileiros; preguntas sobre juros cobrados em créditos bancários e onde, como e quando cortar gastos governamentais.

O quinto e último bloco, os candidatos retornaram às perguntas entre si; Alckmin pergunta sobre o dinheiro do mensalão e Lula pergunta sobre o Provão e ENEM na esfera da Educação para Alckmin. Considerações finais dos candidatos e posteriores entrevistas com os coordenadores de campanha de ambos. Ao final da cobertura, declarações de partidários simpatizantes em um extremo e outro, adicionada daquela dos jornalistas especializados demonstraram pontos assimilados no discurso: as marcas da leviandade de acusações, irritação desconfortável, nervosismo inabitual e mudança repentina de comportamento em público do candidato psdbista; apreensividade inicial, defensividade quase natural, retomada de severidade oratória e postura resoluta do candidato petista. No debate ninguém sai derrotado, mas o povo que o assiste ou ouve sai ganhando em informação, exposição concreta de atitudes, amostra da vida pregressa e perfil ou visual político-ideológico dos digladiantes ao Palácio do Planalto Brasiliense.

Jota Pê
09/10/2006
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