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sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Época de ouro da música popular brasileira: 1940-50 plus




Eis agora mesmo então os compositores eloqüentes do velho paisagístico amalandrado carioquista: Angenor de Oliveira, o Cartola, e Ary Barroso:

Alvorada
Cartola
Composição: Indisponível

Alvorada lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo
( a alvorada )
Você também me lembra a alvorada
Quando chega iluminando
Meus caminhos tão sem vida
Mas o que me resta é tão pouco
Ou quase nada, do que ir assim, vagando
Nesta estrada perdida.

****

Acontece
Cartola
Composição: Cartola

Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.

¨¨¨¨

O Mundo é Um Moinho
Cartola
Composição: Cartola

Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que iras tomar

Preste atenção querida
Embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó

Preste atenção querida
Em cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés

%%%%

Disfarça E Chora
Cartola
Composição: Cartola,Dalmo Castelo

Chora, disfarça e chora
Aproveita a voz do lamento
Que já vem a aurora
A pessoa que tanto queria
Antes mesmo de raiar o dia
Deixou o ensaio por outra
Oh! triste senhora
Disfarça e chora
Todo o pranto tem hora
E eu vejo seu pranto cair
No momento mais certo
Olhar, gostar só de longe
Não faz ninguém chegar perto
E o seu pranto oh! Triste senhora
Vai molhar o deserto
Disfarça e chora

####

O Sol Nascerá
Cartola
Composição: Cartola

A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida

Fim da tempestade
O sol nascerá
Fim desta saudade
Hei de ter outro alguém apara amar

A sorrir
Eu pretendo levar a vida
Pois chorando
Eu vi a mocidade
Perdida

@@@@

Quem Me Vê Sorrindo
Cartola
Composição: Cartola e Carlos Cachaça

Quem me vê sorrindo pensa que estou alegre
O meu sorriso é por consolação
Porque sei conter para ninguém ver
O pranto do meu coração

O que eu sofri por esse amor, talvez
Não compreendeste e se eu disser não crês
Depois de derramado, ainda soluçando
Tornei-me alegre, estou cantando

Quem me vê sorrindo...

Compreendi o erro de toda humanidade
Uns choram por prazer e outros com saudade
Jurei e a minha jura jamais eu quebrarei
Todo pranto esconderei

Quem me vê sorrindo...

$$$$

As Rosas Não Falam
Cartola
Composição: Cartola

Bate outra vez
Com esperanças o meu coração
Pois já vai terminando o verão, enfim

Volto ao jardim
Com a certeza que devo chorar
Pois bem sei que não queres voltar para mim

Queixo-me às rosas, mas que bobagem
As rosas não falam
Simplesmente as rosas exalam
O perfume que roubam de ti, ai

Devias vir
Para ver os meus olhos tristonhos
E, quem sabe, sonhava meus sonhos
Por fim

§§§§

Aquarela do Brasil
Ary Barroso
Composição: Ary Barroso

Brasil, meu Brasil Brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Ô Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingá
Ô Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil, Brasil, prá mim, prá mim...
Ô abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do serrado
Bota o rei congo no congado
Brasil, Brasil! deixa cantar de novo o trovador
A merencória luz da lua
Toda cação do meu amor...
Quero ver a Sá Dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil!... Brasil! Prá mim ... Prá mim!
Brasil, terra boa e gostosa
Da moreninha sestrosa
De olhar indiferente
Ô Brasil, verde que dá
Para o mundo admirá
Ô Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil,...Brasil! prá mim!... prá mim
Ô, esse coqueiro que dá coco
Oi onde eu armo a minha rede
Nas noites claras de luar, Brasil... Brasil,
Ô oi estas fontes murmurantes
Oi onde eu mato a minha cede
E onde a lua vem brincá
Ôi, esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro
Terra de samba e pandeiro,
Brasil!... Brasil!

&&&&

Isto Aqui, O Que É?
Ary Barroso
Composição: Ary Barroso

Isto aqui ô ô, É um pouquinho de Brasil, iá iá

Desse Brasil que canta e é feliz, Feliz, fe- liz
É tam- bém um pouco de uma raça,

Que não tem medo de fumaça ai, ai, E não se entrega não

Olha o jeito nas cadeiras que ela sabe dar,

Olha só o remelexo que ela sabe dar

Olha o jeito nas cadeiras que ela sabe dar,

Olha só o remelexo que ela sabe dar

Morena boa que me faz penar,

Poe a sandália de prata, E vem pro sam- ba sambar.

Morena boa que me faz penar,

Poe a sandália de prata, E vem pro samba sambar.
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domingo, 22 de outubro de 2006

Época de ouro da música popular brasileira: 1940-50




Nesta primeira seqüência de letras musicais, os camaradas dos tempos modernos na cidade metropolitante de São Paulo:

O Ébrio

Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer
aquela ingrata que eu amava e que me abandonou
Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou
Só nas tabernas é que encontro meu abrigo
Cada colega de infortúnio é um grande amigo
que embora tenham como eu seus sofrimentos
me aconselham e aliviam os meus tormentos
Já fui feliz e recebido com nobreza até
Nadava em ouro e tinha alcôva de cetim
E a cada passo um grande amigo que depunha fé
e nos parentes confiava, sim!
E hoje ao ver-me na miséria tudo vejo então
O falso lar que amava e que a chorar deixei
Cada parente, cada amigo era um ladrão
Me abandonaram e roubaram o que amei!

Falsos amigos eu vos peço, imploro a chorar
Quando eu morrer à minha campa nem
uma inscrição
Deixai que os vermes pouco a pouco venham
terminar
este ébrio triste e este triste coração
Quero somente que na campa em que
eu repousar
os ébrios loucos como eu venham depositar
os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
e suas lágrimas de dor ao peito amigo

Autoria: Vicente Celestino

Lançamento: setembro de 1936

Patativa
Vicente Celestino

Em B7 Em E7
Acorda patativa vem cantar
Am Em
Relembra as madrugadas que lá vão
B7 Em
E faz de tua janela o meu altar
Gb7 B7
Escuta a minha eterna oração


Em B7 Em E7
Eu vivo inutilmente a procurar
Am Em
Alguém que compreenda o meu amor
Am Em
E vejo que é destino o meu sofrer
Gb7
É padecer não encontrar
B7 (Em B7 Em)
Quem compreenda o trovador



E B7 E
Eu tenho n?alma um vendaval sem fim
B7
E uma esperança que hás ter por mim
O mesmo afeto que juravas ter
E
Para que acabe este meu sofrer


B7 E
Eu sei que juras cruelmente em vão
Db7 Gbm
Eu sei que preso tens o coração
Am E
Eu sei que vives tristemente a ocultar
B7 ( E B7 E)
Que a outro amas sem querer amar


Em B7 Em
Mulher o teu capricho vencerá
Am Em
E um dia tua loucura findará
B7 Em
A Deus, a Deus minh?alma entregarei
Gb7 B7
Se de outro fores juro morrerei


Em Am B7 Em
Amar que sonho lindo encantador
Am Em
Mais lindo por quem leal nos tem amor
Am Em
E tu vens desprezando sem razão
Gb7
A mim que choro e busco em vão
B7 Em
O teu ingrato coração

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Boêmio demodé
Nélson Gonçalves

F C7
Vou fazer uma seresta
F
Moderninha como o quem
C7
Misturar os tratamentos
F
Juntar o "tu" com "você"
C7
Eu não quero que me chamem
F
Um boêmio demodé.

C7
Com acordes dissonantes
F
Sem marquise, sem calçada
C7
Sem vulto de mulher amada
F
Na penumbra do balcão
C7
Seresta ultramoderna
F
Sem viola e violão

C7
Minha seresta
F
Nâo terá pinga na rua
C7
Não terá luar nem Lua
F
e nem lampião de gás
C7
Porque a lua
F
Nestes tempos agitados
C7
Já não é dos namorados
F
Romantismo não tem maís

C7
Minha seresta
F
Nesta era espacial
C7
Vai-se tomar imortal
F
Na voz daquele ou daquela
C7
Minha seresta
F
Vai ganhar placa de bronze
C7
Pois nem mesmo a Apollo 11
F
É mais moderno que ela.


A volta do boêmio
Nélson Gonçalves

Am Am/C Dm
Boemia, aqui me tens de regresso
Bm7/5- E7 Dm E7 Am Dm E7
E suplicante te peço a minha nova inscrição
Am Am/C G
Voltei pra rever os amigos que um dia
F F7 E E7
Eu deixei a chorar de alegria, me acompanha o meu violão
Am Am/C Dm Dm/C
Boemia, sabendo que andei distante
E7 Dm E7 A7 A7/4 A7
Sei que essa gente falante vai agora ironizar
Dm Bm7/5- E7 Am Am/C
Ele voltou, o boêmio voltou novamente
Bm7/5- E7 Am F E
Partiu daqui tão contente por que razão quer voltar
Am Am/C G
Acontece que a mulher que floriu meu caminho
F F7 E E7
De ternura, meiguice e carinho, sendo a vida do meu coração
Am Am/C G
Compreendeu e abraçou-me dizendo a sorrir
F F7 E E7
Meu amor você pode partir, não esqueça o seu violão
Am Am/C G
Vá ver os teus rios, teus montes, cascatas
G7 F F7 E A7/4 A7
Vá sonhar em nova serenata e abraçar seus amigos leais
Dm Dm/C E7 Am
Vá embora, pois me resta o consolo e alegria
Am Am/C Bm7/5- E7
De saber que depois da boemia
F7M Bb7M E7 Am
É de mim que você gosta mais
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