Blog liberto a público de arte abstrata-concreta, literatura mundana, jornalismo experimental e direito cotidiano. ¡Pensare reactivus est!

sábado, 12 de abril de 2008

Sobre as inundações e enchentes nordestinas

Aguardei baixarem as águas do pensamento para opinar sobre as cheias de rios e brejos em diversas municipalidades da região NE. Muitas famílias que foram novamente atingidas tem sido desmerecidamente responsabilizadas por esta situação de alagamento de moradias ribeirinhas mas eu duvido: sem posses de esperanças sequer, sem expectativas de ocupação fixa na cidade - que só cresce, não pára para pensar nos seus desníveis sociais latentes - vive em descompasso com o ritmo avassalador da "Central da periferia".

A questão do inchaço, da conurbação de migrantes dos povoados e vilas de nosso interior rural isolado para as cidades metropolizadas é constante elemento de análise pelos técnicos do caos suburbial: quedê as políticas públicas estruturantes de que tanto falam em showmícios, em remídias bianuais? De campanha em campanha, o problema vira moeda de câmbio eleitoreiro e nunca parece ter solução. Mas só parece, não se iludam: os movimentos estão a se capacitar para o embate ideológico-material.

Não reclamo de um gestor ou elemento político em específico. Minha crítica está endossada mesmo é pela continuidade de falhas tão aparentes, tão notórias. Uma criança de pré-escola sabe o que acontece de errado em seu bairro e já imagina respostas plausíveis para tais defeitos administrativos; por que então um profissional selecionado para tais funções e papéis não desempenha seu ofício com o mesmo ímpeto e cuidado, responsabilidade?

O povo já não aceita mais a cangalha, nem os cabrestos de antes; a ciência e a informação têm chegado progressivamente aos outrora desprezados recintos e a consciência tende a se firmar mais e mais. Por isso, pessoal executivo, quando forem sentar na poltrona para tomar seu copo de água com gás antes de assinar um ato político qualquer, cuidado: pela sua mão passam as digitais de tantos votantes quanto foram contabilizados na sua eleição e eles sim têm de ser a fonte dessa decisão.

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terça-feira, 8 de abril de 2008

Ode ao burguês nº2

[[ Em homenagem aos personagens dessa heróica e brava manifestação: http://unblivre.blogspot.com/2008/04/blog-da-ocupao-da-reitoria-da-unb.html ]]


Ode ao Burguês nº 2

Eu odeio burguês!

Burguês-centavos-contados.

Indigesto burguês brasileiro.

Classe nédia, adiposa, delicada,

Classe sem classe, burguesia medrosa.

Eu odeio burguês!

Burguês-medo, burguês-cautela.

Burguês fáustico, pomposo e circunstante.

Bela aparência, completamente oca.

Burguês é sepulcro caiado.

Burguês chora ao ver naufragar o Titanic

E manda à polícia o pedinte à porta do cinema.

Porque no Titanic morreram burgueses.

Poucos, mas todos burgueses.

E mendigo não compreende essas coisas...

Eu odeio burguês!

Burguês cheio de regras,

Cheio de nove-horas,

Burguês que "trabalha por amor"

Depois apresenta a conta:

"_ É que estou de saída para a Europa..."

"_ É que tenho de trocar os fru-frus da cortina da sala..."

"_ É que vou a Miami comprar orelhas de Mickey Mouse para minha filha..."

Vai, burguês idiota!

Vai botar orelha de rato imperialista no teu rebento!

Burguês fútil, burguês frágil, burguês covarde, burguês de nada!

"Ouviram do Ipiranga às margens poluídas,

Do herói cobrado – coitado - o brado retumbante:

_ O sol da liberdade em raios fugidios

Brilhou em outra pátria muito distante!"

E assim a burguesia (de lá) tomou conta do pedaço (daqui)

Eu odeio burguês!

Burguês Celular, burguês Pentium, burguês FMI...

Burguês tecnologia, burguês veloz,

Que viaja de Omega mas não sabe soletrar a palavra

V-O-L-A-N-T-E...

Burguês filhinho-de-papai,

Passa de carro com o som estourando.

E a batida do som revela sua fragilidade burguesa:

"_ Quero parecer moderno e perigoso, mas aqui dentro, protegido,

Lembro fetal as batidas do coração materno: tum-tum, tum-tum..."

Insulto e ódio! Insulto e ofensa! Insulto e mais insulto!

Morte cruel ao burguês ateu!

Deus existe burguês estúpido!

E como Deus existe o povo o suprimirá a golpes de foice e de martelo.

Desaparece, burguês!

Viva o povo brasileiro!

E ai de vós burgueses e neoliberais hipócritas! A justiça dos humanos tarda, mas a justiça divina não falha...

Humanistas de todo o mundo, uni-vos! Morte aos imperialistas!

p.s.: Nunca mais psicanalhice! [isso é tudo]
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