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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Série Caro torquato - texto 05

Caro Torquato V

A descapitalização e o isolamento na quarentena são o remédio que a sociedade nos aplica por pensarmos diferentemente do establishment.

A roda de veleidades e falsidades sob a égide da qual vivemos é simplesmente insuportável: o sistema dos sistemas que nos domina até o pensamento é tão nocivo e mordaz que se regozija de possuir o totalitário controle sobre a raça humana, por guerras e guerrilhas sem sentido, sem precisão.
Ordenamentos legais, nos dois sentidos, sim: os há e muito bem formulados; vide por amostra a Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948, para que documento mais importante e apropriado? Mas se você quiser ir mais longe, vamos! Que tal as doze tábuas, os achados arqueológicos com inscrições de há milhares de anos já mostravam as leis e os modos de viver coletivo do povo humano!
E por que é que, francamente, as pessoas se violentam, se agridem; aliás: porque é que nações aparentemente irmãs em costumes e tradições se digladiam e batalham entre si por argumentos inacreditáveis de serem guerras pela paz ou até guerras santas? Inadmissível, irracional, irascível, intolerável do ponto de observação apenas da lógica humana!
Dizem os mais experientes que o que moveria o mundo são as obras inacabadas de inspiração superior e que a humanidade, através de esforços coletivos, executa. Mas é improvável pensar ou ao menos cogitar (permita-me aí o termo) que uma mente superior, ou sub-mentes com ares de superioridade pudessem se arvorar do direito de realizar quaisquer obras tendo para isso que menosprezar a dignidade e a honra humanas, só para começo de história.
Já vivemos a humanidade, pelo menos Duas Grandes Guerras, afora guerras e guerrilhas menores, e nem por isso menos destrutivas em seus efeitos, colonialismos, impérios, ditaduras e essa corja toda de espoliação, salvo raros casos. As mensagens de que isto aconteceria por meio de análises geopolíticas e reuniões prévias se havidas fossem com um mínimo de transigência e altivez dos grandes líderes mundiais de cada época bem poderiam evitar o massacre e a destruição em massa que provocariam anos mais tarde.
Nunca poderemos confundir conchavos com conclaves, nunca! Há movimentos pseudo-religiosos, os quais estive analisando por opção pessoal minha mesmo, os quais vendem e comercializam descaradamente a fé, como se fora um bem a venda a salvação post-mortem. Diferentemente daquelas religiões com verdadeira doutrina e considerabilidade por parte de qualquer pessoa sensata, as quais resistem bravamente, cada uma em sua região e entre suas gentes. Mas ver e ouvir o que eu vi e ouvi nos recentes anos: mercadologização da sacralidade, o mal estar usado como premissa para a compra de indulgências pós-modernas! Escatológico.
Voltando à terrinha, a esta outrora cidade verde, recente cidade cinza, agora cidade baça, que poderia te registrar de informação; quase nada, pois aqui é tudo naquela mesma, se não for fofoca, boca miúda, futrica, fuxico, especulação, não é Theresina. Aliás, agora estamos na fase do logro e da enganação massiva: é propaganda de governo, é propaganda de indústria, propaganda de comércio, propaganda de empresa, propaganda até de camelô – quem diria!!
Mas isso é o mais leve. Pior é a conversa comezinha de que aqui não tem mais jeito, sempre será um Estado pobre, uma cidade paupérrima, vilas-bairros pobríssimos... por quê? Porque a verba, aquela mesmo – que é do nosso bolso, algibeira e carteira, – a verba some, desaparece, torra, evapora, escorre, desfaz-se em mirabolantes e inexplicáveis percursos da sua fonte ao destinatário final que deveria ser... a mesma fonte!
Mas não estou dizendo isso porque um político revoltadinho mencionou, ou porque um popular mais aguerrido denunciou. Nada, nada disso. Assim me exprimo, pois eu parto da seguinte constatação: se o Estado e/ou a cidade é assim tão penurioso/a, porque é que na propaganda das eleições o Estado e a cidade que vemos, ouvimos e presenciamos é tão bela, rica, harmoniosa? Se na divulgação estatal somos terra de oportunidades, de vocações?
Pode crer que, se você me crê neste ponto, eu também acho que aqui seja e possa vir a ser mais ainda terra de oportunidades, de vocações, até de sonhos que se tornem interessantes, auspiciosas realidades. Mas não é a propaganda que está errada! Nem tampouco as tais divulgações! O que está deveras errado, meu caro Torquato, é a ação, o fazer, o modo de realizar, numa expressão: a atitude governamental face aos problemas, pois afora a propalada corrupção e mau-caratismo presumidos, há a inexperiência, a arrogante ignorância de gestão, a falta de preparo na administração da nossa casa, que são nossa cidade e nosso Estado.
Assome-se a isso o fato de a escola da corrupção ter evoluído incomensuravelmente mais rápido de que a escola da boa gestão, do bom governo, do saber lidar com pessoas para saber lidar com projetos, programas, planos e metas de verdade importantes, significativas ao nosso desenvolvimento desde a esfera pessoal, até chegar à esfera governamental. E são várias as falhas: na Moral e Civismo, na Educação Formal, Educação Informal, Educação Superior, Educação Profissional, até na Educação Midiática. Isso só para mencionar algo sobre educação.
Tem ainda tantas outras áreas que daria pra escrever um livro só com o rol exemplificativo. Sem exagero! E sabe o que mais agride a gente? É estar à força inserido num sistema assim, de falsidade ideológica e atitudinal, repito. Pena que as crianças sejam ensinadas para o crime, sem distinção: da mais simplezinha à mais sofisticadazinha; todas vão ser criminosas alguma vez em suas vidas, ao menos uma vez por dia. E a tendência é a desacreditação geral, com o domínio dos despachos cartorários, com firma reconhecida, selo oficialesco e tudo o mais que isso implique. A era notarial, dos protonotários e tabeliães, dos donos da verdade por procuração, tramitação e imposição burocrática. Absurdo!
E um dia virá um cidadão de mau-humor, cheio dessa zorra toda, cansado de tanta mentira e tormenta, e ele reclamará aos tribunais até ao Tribunal Superior, ao Supremo Tribunal, ao Conselho Mor daquele governo enfim, e aí receberá como resposta ou o desprezo da causa ou o sorriso de escárnio e descaramento das autoridades ante o problema, ou uma mera resposta paliativa sem maiores palavras que um: “Estaremos anotando e julgando seu pedido”


Torquato? Torquato você ainda está aí? ... (Dormiu.)  20/01/2014. Quase 21:52h... JPSM





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